Tenho 29 anos e estou nos Carmelitas Descalços há 8 anos. Sou natural do Marco de Canaveses, mais precisamente, da freguesia de Rosém, paróquia de Nª Srª. das Neves.
A minha família é constituída por cinco pessoas: os meus pais, o meu irmão mais velho, a minha irmã e eu, o mais novo da família. Os meus pais sempre procuraram incutir nos filhos o gosto por frequentar a Igreja e por ir assiduamente à Eucaristia Dominical. Tinham gosto de ver-nos participar activamente na vida paroquial: a minha irmã e eu fomos acólitos e leitores, eu, já depois da maioridade, estive responsável pelo grupo de acólitos, fui catequista, e acabei por me ir comprometendo de outras formas com a minha paróquia. Foi nestes pequenos compromissos que encontrei, pouco a pouco, um sentido para a minha existência: a entrega radical aos outros na vida consagrada.
Devo o inicio da minha caminhada vocacional a uma amiga que me apresentou o Carmelo Descalço, com um grande entusiasmo, durante uma actividade do Carmelo Jovem, a finais de 2009, em que decidi participar por acaso. Essa foi a motivação que estava a precisar para procurar ajuda de um sacerdote carmelita. Com ele partilhei as minhas inquietações interiores e os meus problemas, pedindo-lhe ajuda para lhes dar resposta. Ele foi-me colocando em diálogo com Jesus e a perguntar-Lhe o que queria de mim.
Todo este processo de descoberta da minha chamada à vida consagrada dá-se depois de uma grande crise de sentido. Esta teve origem com a minha inserção no mercado de trabalho, depois de terminar o ensino secundário, e à doença, quase morte, de um familiar próximo. Durante esta crise surgia-me muitas vezes a pregunta: quando estiver às portas da morte, que poderei dizer sobre o que fiz da minha vida? Que fiz eu pelos outros que vivem no mundo que me rodeia? Que fiz para melhorar o mundo? A possibilidade de chegar ao fim dos meus dias sem ter dado um sentido à minha vida, pelo qual valha a pena arriscar tudo, angustiava-me e provocava em mim muitas dúvidas e confusão. Precisava de dar uma orientação ao meu caminho.
Basicamente, não me acabava de identificar com aquilo que fazia, como padeiro, e não sabia por qual meta devia lutar, ou se fazia sentido lutar.
Foi a entrega aos outros através dos pequenos serviços gratuitos que me fez encontrar o sentido ao qual vim a dar um nome nas conversas de discernimento vocacional: vida consagrada, ou “viver para amar como Jesus amou” (Bento XVI).
Em Julho de 2010, decidi começar a dar os primeiros passos para consagrar-me a Deus no Carmelo Descalço, o que aconteceu a 31 de Agosto de 2013. Desde 2010, já passei por algumas casas de formação: Avessadas, Porto, Avessadas, Salamanca, Madrid, Aveiro. Nesta caminhada de oito anos, com mais jovens como eu, aprendi a entregar toda a minha vida a Deus numa comunidade de vida, segundo o estilo de vida de Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz, que nos ensinam a viver e a servir desde uma amizade forte com Deus, procurando a união com Deus e procurando ajudar aqueles que se aproximam de mim a percorrer o “caminho de perfeição” até essa ditosa união.